Olá pessoal, espero que todos estejam bem.
Nas minhas últimas colunas abordei pontos que considero fundamentais para as avaliações de calor, e na última delas apresentei um exemplo de estudo de caso para a obtenção do IBUTG e da Taxa Metabólica baseados na média de cada um dos valores, ambos referentes ao período mais crítico dos 60 minutos de exposição.
Após a publicação da última coluna recebi algumas mensagens, onde fui questionado sobre a quantidade de amostras que devem ser realizadas para que o profissional tenha um conjunto mínimo de resultados representativos da exposição ocupacional ao calor para um ciclo de trabalho.
Pois bem, as leituras das temperaturas (IBUTG) devem ser iniciadas após a estabilização do conjunto (que geralmente demora 25 a 30 minutos, quando usamos um globo de 6 polegadas) de termômetros na situação térmica que está sendo avaliada e repetidas a cada minuto.
Este ponto é importante, haja vista que devemos cronometrar o tempo de leitura para coletar um resultado a cada minuto. Por favor meus caros! Não colete apenas uma leitura e ponto! A Norma de Higiene Ocupacional – NHO 06 (2ª versão) estabelece que devem ser feitas no mínimo 5 leituras ou tantas quantas forem necessárias, até que a variação entre elas esteja dentro de um intervalo de +/- 0,4 °C.
Outra observação muito importante, os valores a serem atribuídos ao tg, tbs e tbn correspondem às médias de suas leituras, obtidas no intervalo considerado.
Muita informação?
Como o nome do blog é Higiene Ocupacional em Ação vamos analisar um estudo de caso para entender melhor a aplicação desta parte da NHO 06.
Suponhamos que foram realizadas as seguintes avaliações de calor em uma forjaria, onde há o uso de prensas de fricção por acionamento de fuso e que compõe um dos ciclos de trabalho onde ocorre a exposição ao calor:
Vejam que temos a média aritmética simples dos resultados de cada um dos termômetros e logo abaixo temos o valor do IBUTG interno para cada uma das medições. Importante ressaltar que estamos lidando com a equação do IBUTG para um ambiente interno sem carga solar, ou seja, todas as fontes de emissão de calor são artificiais, logo para a equação IBUTG = tbn 0,7 + tg 0,3 iremos desprezar os resultados do termômetro de bulbo seco.
Agora com os resultados em mãos devemos verificar se houve uma variação dentro de +/- 0,4 °C no IBUTG de cada medição.
Abaixo está o resumo dos valores de IBUTG para um o ciclo de exposição analisado:
Vejam que o delta mais expressivo, correspondente a diferença entre o maior e menor resultado, é de 0,38 °C.
Logo, temos um valor que corresponde a um intervalo de +/- 0,4 °C, neste caso temos uma variabilidade aceitável de resultados.
O valor que representa a exposição térmica a este ciclo de trabalho onde ocorre a operação da prensa de fricção por acionamento de fuso é de 23,46°C.
Vale ressaltar: o valor acima não é o IBUTG média ponderada para o período de 60 minutos mais crítico de exposição, para quem ainda tiver dúvida sobre isso eu sugiro a leitura dos artigos anteriores do blog.
Um abraço a todos e até o próximo artigo.